O mundo dos computadores esconde muitos
mistérios. Um dos maiores deles talvez diga respeito à memória RAM. Será
que a quantidade é diretamente proporcional ao desempenho do sistema? O
que é mais importante: muita memória mais lenta ou pouca memória mais
rápida? A verdade é que, como quase tudo relacionado a computadores,
depende.
Depende de qual é o objetivo principal do computador. Você vai
utilizar a máquina primariamente para trabalhar, navegar na internet ou
para jogar? Os games são pesados ou simples joguinhos de navegador? Os
aplicativos de escritório são editores de texto e planilha ou edição de
vídeo e imagens? Tudo isso precisa ser levado em conta antes de escolher
os componentes.
Neste artigo, vamos nos focar em máquinas direcionadas para os games
mais pesados e mostrar alguns testes que dizem se a quantidade de
memória é mais relevante que a velocidade dela, quanta memória os jogos
efetivamente aproveitam e qual é o mínimo e o máximo necessário para que
seja possível se divertir e não se preocupar com engasgos durante as
partidas.
Limite de memória do sistema operacional
Muita gente ainda não sabe disso, mas sistemas operacionais de
32-bits podem alocar apenas 4 GB de memória RAM física. E isso não fica
restrito apenas à memória principal do computador, também inclui aquela
encontrada nas placas de vídeo (memória virtual não conta). Desses 4 GB,
o sistema pode alocar 2 GB de espaço de endereçamento virtual para cada
processo em execução, até atingir o limite.
Em sistemas operacionais de 64-bits, a coisa muda de figura: o limite
máximo total de memória que o sistema pode alocar é 8 TB. Outra
vantagem é que os aplicativos desenvolvidos em 32-bits podem alocar até 4
GB de endereçamento virtual, ou seja, mesmo os processos desenvolvidos
em 32-bits podem se beneficiar do novo sistema.
A velocidade da memória é mais importante que a quantidade?
Mas e quanto à velocidade da memória, ela tem uma influência direta
no desempenho? Se for a memória RAM do computador, muito pouco. A
velocidade e a latência dos chips de memória só vão trazer alguma
diferença real em resoluções altíssimas, e mesmo assim ela não será tão
perceptível.
Veja os testes realizados pelo Tom´s Hardware: a velocidade da
memória mostra que não é um papel fundamental na hora de garantir alguns
quadros por segundo a mais.
Como pudemos perceber, a memória pode ser mais rápida — e
consequentemente mais cara —, e o resultado prático não muda muito de um
caso para outro.
O preço por um pente de memória mais rápido pode não compensar muito
no final das contas. Veja: enquanto 8 GB DDR3-2133 custam em média R$
330*, podemos encontrar 8 GB de memória DDR3-1600 por aproximadamente R$
260*. Um custo cerca de 20% maior por um desempenho que fica na casa
dos 3% superior — e em apenas alguns aplicativos e condições
específicas.
É claro que isso é apenas uma estimativa. A rigor, se você puder
optar por uma memória mais rápida, melhor. Mas é bom saber que esse não
vai ser o fator determinante na hora de conseguir uma taxa de quadros
por segundo mais alta.
*Valores consultados no dia 8/2/2013 aqui.
Quantidade de memória
O senso comum diz o seguinte: quanto mais memória no computador,
melhor. Entretanto, a realidade é pouco diferente disso. Imagine que a
memória RAM de um PC é como se fosse uma fábrica. Os processos em
execução são como se fossem os funcionários, e a memória virtual é o
depósito.
A lógica é simples: se a fábrica é pequena, os trabalhadores precisam
ir até o depósito buscar a matéria-prima, desenvolver os produtos e
depois carregar tudo novamente para o depósito. Com o aumento dessa
fábrica (mais RAM), é possível armazenar a matéria prima e os produtos
finalizados no mesmo local, aumentando muito a produtividade.
O problema é que aumentar exageradamente essa fábrica não faria muita
diferença, pois a maior parte do espaço ficaria vazia e subutilizada. O
mesmo acontece com a memória RAM. É importante ter uma boa quantidade
dela no computador, mas, para os jogos, existe um limite.
Um computador com pouca memória exige que parte dos processos seja
enviada para a memória virtual, que nada mais é do que um espaço
reservado no HD da máquina para permitir que aplicativos mais sedentos
por RAM possam ser executados. Antes de essa ferramenta ser implementada
nos sistemas operacionais, muitos programas deixavam de funcionar.
Embora esse seja um recurso inteligente e útil para o funcionamento
da máquina, a memória virtual pode causar engasgos e travamentos dentro
dos games, simplesmente pelo fato de um HD ser muito mais lento que a
memória RAM.
Descobrindo quanta memória os games utilizam
Nós executamos alguns testes rodando diversos jogos em uma máquina
configurada com 2, 4 e 8 GB de memória. Quanto os aplicativos passaram a
utilizar em cada configuração? Houve um aumento no desempenho dos
aplicativos?
Veja a máquina utilizada durante os testes:
- Processador: Intel Core i5-3450;
- Placa-mãe: ASUS P8B75-M LE;
- Placa de Vídeo: MSI GeForce GTX 670;
- HD: Western Digital 500 GB 7.200 RPM;
- Sistema operacional: Windows 7 Professional.
O sistema operacional foi instalado na máquina apenas para a
realização dos testes. Para evitar conflitos com outros aplicativos que
possam influenciar nos resultados, não instalamos antivírus no
computador.
O hardware da máquina é suficiente para rodar todos os títulos
testados com todos os detalhes configurados para a máxima qualidade. O
único item alterado entre as análises foi a quantidade de memória
instalada na máquina. Para verificar a utilização de recursos do
sistema, utilizamos o próprio monitor de recursos do Windows.
Veja os resultados:
*Os números estão expressos em megabytes.
Como pudemos perceber, a quantidade de memória utilizada pelos
aplicativos mudou muito pouco de uma configuração para outra. Esses
números representam uma média entre a utilização máxima e a mínima da
memória disponível no computador, então é normal que os aplicativos
utilizem mais ou menos RAM durante momentos específicos.
Mas e como foi jogar em cada uma das configurações?
- 2 GB RAM: tudo demora muito para carregar. Alguns jogos funcionaram
perfeitamente nessa configuração, outros nem tanto. Jogar RAGE, por
exemplo, pode ser um imenso sacrifício. O recurso “Megatextura”
utilizado pela engine do game precisa ler os dados da memória
constantemente, forçando o sistema a depender muito da memória virtual;
-
- 4 GB RAM: todos os games rodaram perfeitamente. Não houve problemas
na hora de carregar os jogos ou durante as partidas. Na hora de fechar
os aplicativos e retornar ao sistema operacional, também não enfrentamos
dificuldades;
-
- 8 GB RAM: o desempenho em todos os títulos foi exatamente o mesmo
que tivemos com a configuração anterior. A impressão foi de que nada na
máquina foi alterado, pelo menos durante as partidas.
Mas por que os games não utilizam o excedente de memória disponível
na máquina para carregar mais texturas, dados e outros elementos dos
games? Primeiro, é preciso lembrar que as texturas e outros elementos
gráficos ficam armazenados na memória da placa de vídeo, que trabalha em
conjunto com a RAM principal do sistema.
Segundo, porque simplesmente os jogos não precisam de mais memória. Se ele está rodando liso e
sem engasgos utilizando apenas 1 GB do sistema, tudo bem. Isso acontece
em alguns casos porque muitos desses títulos são desenvolvidos com os
consoles em mente. Como esses equipamentos possuem menos recursos, o
código dos jogos é programado para trabalhar dessa maneira.
Nós já vimos que a maioria dos aplicativos ainda é desenvolvida em
32-bits. Contudo, o sistema operacional pode alocar até 4 GB de memória
para cada um deles, e os testes demonstraram que eles simplesmente não
precisam de tudo isso para funcionar adequadamente.
Casos mais específicos como RAGE, por exemplo, aparecem nos testes
utilizando quase a mesma quantidade de memória em todas as
configurações, mas engasga com apenas 2 GB instalados. Isso acontece
porque, quando há mais memória disponível, o sistema coloca mais
arquivos em cache, o que agiliza o carregamento dos dados.
Como os aplicativos ainda precisam dividir os recursos da máquina com
o sistema operacional, é preciso ter certa folga para evitar os
engasgos relacionados com o uso da memória virtual. Por isso, os games
travam com apenas 2 GB e rodam tranquilamente com 4 GB para cima.
Quanta memória eu preciso para jogar?
Para jogar os games atuais sem precisar se preocupar com engasgos e
travamentos durante as partidas, 4 GB RAM se mostram suficientes. No
entanto, é interessante colocar 8 GB na sua máquina pensando no futuro,
mas você não vai notar de imediato diferença no desempenho dos títulos.
Sendo assim, você terá algum espaço de sobra para os aplicativos e o
sistema operacional trabalharem com folga por um bom tempo. Além disso, é
possível alternar entre as tarefas rapidamente com essa configuração.
Instalar 16 GB ou até 32 GB RAM em máquinas dedicadas aos games, por
enquanto, não mostra resultados que justifiquem o investimento. Além de
não garantir nenhum desempenho a mais, a memória ociosa vai servir
apenas para gastar energia e gerar mais calor dentro do gabinete.
Entretanto, se você costuma parar no meio das partidas, alternar
entre tarefas e manter outros aplicativos trabalhando no fundo enquanto
se diverte, a quantidade de memória necessária para o seu sistema
funcionar sem problemas somente você poderá definir.
Não tem outro jeito: para garantir que os games fiquem mais rápidos, é
preciso pensar no processador e na placa de vídeo. A memória só vai dar
mais espaço para que eles possam trabalhar.
Fico muito boa essa materia,vlw pela ajuda!
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