Usado para distrair a família em um fim de semana chuvoso na praia, para
arrecadar fartas quantias nas mesas de cassinos ou mesmo para fazer
previsões sobre o futuro nas tendas de cartomantes, o baralho é um
instrumento de jogo conhecido há vários séculos. Conforme os
historiadores, as cartas teriam surgido da Idade Média (entre os séculos
V e XV).
No livro Invenções da Idade Média - Óculos, livros, bancos, botões e
outras inovações geniais, Chiara Frugon afirma que, "apesar das variadas
hipóteses formuladas, não se sabe com exatidão qual é a origem dos
jogos de cartas; é fato que foram autêntica inovação entre os
divertimentos do homem medieval e que surgiram, com certeza, na Europa
do último quarto do século XIV". De acordo com a historiadora, poucos
baralhos daquela época chegaram aos tempos atuais, devido à fragilidade
das cartas e porque "não foram feitos para serem guardados".
Os raros exemplares conservados pertenceram às grandes famílias da
aristocracia européia e são, na realidade, cartas de tarô. "O conjunto
conservado na Biblioteca Nacional de Paris e conhecido como 'tarô de
Carlos VI' (1368-1422) foi produzido no final do século XV na Itália. Um
outro baralho famoso por estar quase completo e pela preciosidade de
sua execução (fundo de ouro, toques de prata nas armaduras e
vestimentas) é o baralho 'dos Visconti', infelizmente subdividido entre a
Academia Carrara de Bérgamo e a Pierpont Morgan Library de Nova York:
foi feito entre 1441 (que é a data do casamento de Francesco Sforza com
Bianca Visconti, filha de Fillipo Maria, duque de Milão) e 1447, ano da
morte do duque", escreveu Chiara.
Segundo a pesquisa da historiadora, desde o surgimento dos baralhos, os
reis da França interessaram-se por sua fabricação, a fim de obter
rendimentos fiscais do jogo. "O controle monárquico sobre esse tipo de
jogo encontra seu eco na visão da sociedade fortemente hierarquizada que
as cartas apresentam, onde o soberano é a figura dominante", analisa.
Via: Terra
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