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A influência da pornografia em nossas vidas é um tema polêmico que
voltou a ganhar destaque com um dos candidatos à presidência dos Estados
Unidos — o republicano Rick Santorum.
Ele mencionou estudos experimentais que afirmam que a exposição à
pornografia pode causar mudanças cerebrais profundas, atingindo adultos e
crianças, chegando inclusive a induzir a violência contra mulheres.
Entretanto, Paul Wright, que estuda a influência do sexo na mídia,
veio a público para dizer que não existem evidências de que essas
mudanças realmente ocorram, embora o tema ainda seja motivo de muita
discussão. Wright afirma que os estudos sobre a pornografia devem ser
observados como um todo, pois é muito fácil mencionar uma pesquisa ou
outra que defenda um dos lados desta disputa.
Resultados para todos os gostos
A maioria das pesquisas sobre o tema é experimental e está focada em
estudantes universitários. Além disso, os próprios estudos, quando
analisados individualmente, parecem apresentar resultados mistos.
Enquanto alguns deles demonstram que os jovens expostos à pornografia
apresentam um comportamento violento, outros tantos não conseguem
apresentar nenhuma evidência disso.
Então, para entender os resultados de todos esses experimentos como
se fossem um só, os psicólogos decidiram realizar uma meta-análise dos
dados, ou seja, fizeram um estudo para avaliar os resultados de diversas
pesquisas sobre um mesmo tema.
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Esclarecendo algumas questões
A maneira como os experimentos são conduzidos também pode influenciar
os resultados da pesquisa. Além disso, será que esses testes realmente
podem ser aplicados na vida real?
Infelizmente, é impossível realizar experimentos controlados sobre
pornografia na vida real, mas uma maneira de avaliar os índices de
violência sexual é observar o que acontece em países que têm a
pornografia descriminalizada. E os pesquisadores descobriram que o nível
de criminalidade nesses cenários costuma cair, o que sugere que o maior
acesso à pornografia pode funcionar como uma espécie de válvula de
escape para homens com tendências violentas.
Na contramão dessa análise, há quem sugira que a descriminalização da
pornografia também pode afetar o comportamento das mulheres, exercendo
influências sociais que as levam a aceitar atos de violência e a não
denunciar as agressões.
Pornografia e violência
Contudo, se os estudos realizados em laboratório estão corretos e os
homens realmente se tornam mais violentos quando expostos à pornografia,
ainda assim o efeito apenas varia de leve a moderado. Alguns estudos
inclusive sugerem que apenas os homens com algumas tendências
específicas — narcisismo, hostilidade contra mulheres, comportamento
controlador e autoritário etc. — se tornam mais agressivos.
Além disso, muitos indivíduos que fizeram parte dos estudos também
afirmaram que a pornografia não exercia nenhum tipo de influência
negativa sobre eles. Inclusive, eles acreditavam que o acesso a esse
tipo de material podia ser vantajoso e benéfico para suas vidas sexuais.
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Reflexo cultural
O comportamento agressivo com relação às mulheres — principal foco
dos experimentos sobre os efeitos da pornografia — parece, na verdade,
também ser um reflexo da cultura.
Os pesquisadores compararam as poses que as mulheres adotavam em
fotos expostas em sites pornográficos, revistas e portfólios de atrizes
pornô da Noruega, Estados Unidos e Japão. Esses países aparecem em
diferentes posições — 1ª, 15ª e 54ª, respectivamente — em uma escala da
ONU que mede o grau de poder que as mulheres exercem nesses locais.
Ao analisar as poses nas quais as mulheres eram retratadas como
poderosas ou submissas, os pesquisadores descobriram que as imagens não
apareciam na mesma proporção nos três países. A Noruega somou a maior
proporção de fotos com mulheres em posições de poder ou confiança,
seguida pelos Estados Unidos. Isso denota um claro reflexo do lugar que
as mulheres ocupam nessas sociedades, além de mostrar o que seria
considerado sexy ou não nesses países.
O que realmente podemos afirmar sem sombra de dúvidas é que existem
muitos fatores que podem induzir um comportamento violento, e talvez
seja demais culpar apenas a pornografia por todos os problemas.
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