Eles perderam o jogo
Se é verdade que os fracassos
trazem boas lições a ser aprendidas, 2011 foi um ano bastante
pedagógico. Google, Microsoft, Sony, Nokia, HP e RIM são algumas das
empresas que devem estar digerindo os erros que cometeram e prometendo
fazer melhor em 2012. Confira, a seguir, sete dos mais importantes
fracassos tecnológicos do ano.
O Chromebook não decolou
Já que a computação em nuvem é uma das tecnologias do momento, o Google resolveu radicalizar. Em maio, a empresa anunciou seus chromebooks, laptops baseados no sistema operacional Chrome OS.
Eles rodam aplicativos que, em vez de ficar no próprio computador,
residem em servidores da internet, ou seja, na nuvem. Os primeiros
chromebooks começaram a ser vendidos em junho pela Samsung (foto ao
lado) e pela Acer, nos Estados Unidos e na Europa.
A ideia até seria atraente se o acesso à internet estivesse sempre
disponível. Mas, como sabemos, não é o que acontece. Na maioria dos
aviões, por exemplo, um chromebook é quase inútil. Além disso, os
aplicativos online ainda estão longe de oferecer todos os recursos dos
programas instalados nos PCs. E para completar, os modelos apresentados
têm preços nada atraentes. Em novembro, o noticiário Digitimes, de Taiwan, divulgou a previsão de que o ano terminaria com menos de 30 mil unidades vendidas. É um número insignificante.
HP TouchPad acabou liquidado
O TouchPad, com que a HP pretendia superar a Apple
no mercado de tablets, chegou às lojas nos Estados Unidos em julho,
encalhou nos estoques e foi descontinuado apenas um mês e meio depois.
Foi um fracasso espetacular, mas não por falta de preparação. A HP vinha
desenvolvendo seu tablet desde 2005, o mesmo ano em que a Apple começou
a trabalhar no iPad e no iPhone. A primeira tentativa fracassada foi o
Slate, lançado em 2010, que rodava o Windows 7.
Persistente, a HP tentou novamente com o TouchPad, que usava tecnologia
da Palm. O novo produto seguiu o modelo da Apple, com soluções
exclusivas e controle rígido do hardware e do software. Mas o tablet era
caro e faltavam aplicativos para ele. Quase ninguém se interessou.
Depois de anunciar seu fim, a HP acabou liquidando o estoque por 99 dólares a unidade, um quinto do preço original.
O Windows Phone encalhou
O sistema operacional Windows Phone, da Microsoft,
já conta com mais de 50 mil aplicativos e recebe elogios por ser
prático, elegante e fácil de usar. Mesmo assim, o Gartner Group estima
que, entre o terceiro trimestre de 2010 e o mesmo período de 2011, a
participação do sistema da Microsoft no mercado caiu de 2,7% para
ridículos 1,5%.
Os principais motivos para o encalhe podem ser resumidos pela expressão
inglesa “too little, too late” – muito pouco e tarde demais. O Windows
Phone chegou atrasado e não trouxe vantagens significativas em relação
aos concorrentes. Além disso, a Microsoft, diferentemente do Google,
tentou ditar regras aos fabricantes de celulares e operadoras, definindo
coisas como o hardware mínimo para rodar o Windows Phone e a maneira de
atualizar o software. Isso acabou custando, a ela, o apoio de alguns
desses parceiros.
Empresas de pesquisa de mercado preveem que o Windows Phone
deve ganhar espaço nos próximos anos, principalmente por causa da
parceria da Microsoft com a Nokia, que só agora começa a dar frutos. Mas
ninguém espera que vá ameaçar a Apple e a turma do Android num futuro
visível.
A Nokia afundou com o Symbian
No terceiro trimestre de 2010, o sistema operacional Symbian, da Nokia, liderava com folga o mercado de smartphones.
Estava presente em 36% dos aparelhos vendidos no mundo, segundo o
Gartner Group. Um ano depois, sua participação tinha caído para 17%,
ainda em segundo lugar, mas com clara tendência a despencar para o fim
da fila. A participação da Nokia no mercado caiu na mesma proporção. Foi
a mais dramática queda registrada no ano.
Lançado em 1997 (com o nome de Epoc32), o Symbian contribuiu para que a
Nokia se tornasse o maior fabricante mundial de smartphones. Mas o
sistema envelheceu e se tornou incapaz de competir com Android e iOS. No
início deste ano, a empresa finlandesa o jogou para escanteio e adotou o
Windows Phone. A troca custou a ela a liderança do mercado, hoje
ocupada pela Samsung. Mesmo que tenha sucesso com o Windows Phone, é
improvável que a Nokia recupere a posição que tinha no passado. A
manutenção do Symbian é, agora, feita pela Accenture. Mas os dias de
glória do software ficaram para trás.
A morte anunciada do Google Buzz
Em outubro, menos de dois anos depois de anunciar com estardalhaço o Google Buzz, o Google
divulgou que iria encerrar o esse serviço de mensagens curtas. Ele
ainda durou até novembro, quando sumiu definitivamente. O Buzz, que
lembrava o Twitter e o painel de atualizações do Facebook, foi
inaugurado em fevereiro de 2010. Funcionava integrado ao Gmail e a
outros serviços do Google. Permitia compartilhar links, fotos, vídeos e
mensagens pessoais. Foi a terceira tentativa do Google de criar uma rede
social, depois do Orkut e do Friend Connect.
Quando apareceu, o Buzz foi criticado por criar automaticamente uma
rede com os contatos que o usuário tinha no Gmail, algo que muita gente
viu como violação de privacidade. O serviço nunca se livrou da má imagem
inicial. Com o tempo, os usuários passaram a ignorá-lo. Foi o início do
fim. Agora, a empresa investe numa quarta tentativa de se firmar no
mundo das redes sociais com o Google+.
O vexame da PlayStation Network
Em 19 de abril, a PlayStation Network, a rede que conecta os consoles de jogos da Sony,
foi desativada depois de ser invadida. O ataque hacker comprometeu 130
servidores, 50 sistemas de software que rodavam nessas máquinas e 77
milhões de contas de usuários. Dados como nome, endereço e senha dos
usuários caíram nas mãos dos criminosos. Numa etapa posterior, a empresa
descobriu que a rede Sony Online Entertainment também havia sido
violada.
Só em 14 de maio, quase um mês depois de constatada a invasão, a Sony
começou a reativar gradualmente suas redes. Em alguns países, a Sony
ofereceu compensações aos usuários que tiveram suas informações
roubadas. Nos Estados Unidos, ela chegou a contratar uma empresa
especializada para ajudá-los a se proteger contra fraudes. Mas a Sony
também se garantiu com um contrato de uso dos serviços que proíbe os
usuários de processá-la em caso de invasão. Resta esperar que os
engenheiros da Sony tenham reforçado a segurança da rede.
O BlackBerry parou no tempo
Nos últimos três anos, o valor de mercado da Research in Motion
(RIM), fabricante da linha BlackBerry, caiu de 83 bilhões de dólares
para apenas 13,6 bilhões. A empresa que, durante anos, impulsionou o
mercado entrou numa estagnação desanimadora. Sua participação ainda era
de respeitáveis 11% no terceiro trimestre deste ano, segundo o Gartner
Group. Mas vem caindo continuamente. Basta comparar um BlackBerry com o
iPhone e com os smartphones que rodam Android para perceber o motivo. Se
o BlackBerry parecia avançado em 2007, hoje ele parece pertencer ao
passado. E a RIM não tem nenhum produto grandioso a caminho capaz de
reverter esse quadro.
Um dos seus fracassos de 2011 é o tablet PlayBook. Caro para um tablet
de 7 polegadas, o PlayBook ainda conta com poucos aplicativos. Além
disso, tem limitações quase inacreditáveis, como não permitir o acesso
direto aos serviços BlackBerry Mail e Messenger. Para usar esses
recursos, é preciso ter também um smartphone BlackBerry, que age como
intermediário. É difícil imaginar que algum usuário possa gostar dessa
tortuosa solução.
Via: EXAME.COM