Novos modelos de armas não letais ajudam a combater a violência com inteligência e cada vez menos riscos
DE BOLSO
As novas armas com balas de borracha são cada vez mais compactas
Bolas que parecem bexigas com areia que se
expandem ao atingir algo ou alguém, poderosas fontes de luz e sprays
que lançam substâncias aderentes e fedorentas. Parece que estamos
falando de brinquedos, mas a referência são armamentos não letais. “Em
90% dos casos, o policial ou o segurança não precisam usar arma de
fogo. Mas, se é só isso que eles têm, é isso que vão usar”, diz Ricardo
Balestreri, ex-secretário nacional de Segurança Pública e membro do
Comitê Nacional de Educação para os Direitos Humanos.
Recomendado oficialmente pela ONU, o uso
desse tipo de artifício ganha terreno graças à ajuda fundamental de
novas tecnologias. Nos países desenvolvidos, oficiais dos principais
departamentos de polícia normalmente carregam duas armas: uma de fogo e
outra de choques elétricos – o chamado taser –, que dispara dardos
capazes de deixar um indivíduo desacordado. Por aqui, a utilização de
armamentos que não matam ainda não é ostensiva, mas há avanços – tanto
que as principais novidades da área foram apresentadas em feira no Rio
de Janeiro recentemente.
CLARIDADE
A granada acima cega e ensurdece temporariamente
IMPACTO
Encomendada pela ONU, a munição se expande no ar para derrubar seus alvos
Segundo Balestreri, o spray de pimenta já é
adotado por polícias e guardas municipais de todas as capitais do País.
Agora, um equipamento parecido, que lança uma espécie de gosma, chega
ao mercado. Feito com óleos e resinas vegetais, o produto não tem ação
tóxica, mas uma viscosidade tal que gruda na pele e em roupas (leia
quadro). Entre as outras tecnologias desenvolvidas com o objetivo da
desorientação momentânea destaca-se o chamado “dispositivo acústico de
longo alcance”, que emite uma onda sonora de 150 decibéis – para um ser
humano, o máximo suportável é de 130 db – e o Active Denial System, que
dispara uma radiação eletromagnética na faixa de micro-ondas, gerando
sensação de calor extremo, mas sem queimar.
Já as novas armas com munição de borracha
podem até derrubar um agressor, dependendo da distância do alvo e da
potência do armamento. Uma das novidades no segmento é uma pistola
semiautomática capaz de comportar até 12 projéteis e indicada para uso à
distância de até 15 metros. Sua vantagem sobre armamentos similares é a
portabilidade, já que antes só era possível disparar balas de borracha
com lançadores do tamanho de escopetas. Também fabricada no Brasil, uma
munição que mais parece uma bexiga recheada com um material granulado
tem a capacidade de se expandir no impacto como uma massa de pizza,
alcançando 7 cm de diâmetro. A munição foi desenvolvida a pedido da ONU,
que a empregou na missão de paz no Timor Leste. Nada mais apropriado
para uma arma que zela pela vida.
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