Em “Duna”, romance de ficção científica escrito por Frank Herbert, havia uma classe de personagens conhecida como mentat,
pessoas treinadas para agir como se fossem verdadeiros computadores. E
essas pessoas não eram simples calculadoras humanas: também possuíam
muita habilidade lógica e a capacidade de trabalhar com uma quantidade
enorme de dados.
Apesar de “Duna” ser uma obra de ficção, há muita realidade em relação aos mentat. Por volta de 1949, por exemplo, o Comitê Nacional para Aconselhamento sobre a Aeronáutica (NACA)
dos EUA contratava mulheres com capacidades incríveis de cálculo para
desempenhar o papel que computadores viriam a ocupar décadas depois.
Hoje, a expressão “computador humano” também é usada para definir
pessoas com grandes habilidades em cálculo mental.
Mas o que pouca gente percebe é que todos nós temos a capacidade de adquirir algumas habilidades de mentat.
Isso leva tempo e exige dedicação, mas há uma série de truques e
exercícios que podem ser feitos para melhorar a memória e o raciocínio,
fazendo com que o ser humano possa extrair o máximo possível do computador de 16,8 mil GHz que carrega no crânio.
1. Cafeína: aditivo para a mente
Muita gente costuma dizer que só começa a “funcionar” pela manhã
depois da primeira xícara de café. Além disso, é comum ver trabalhadores
e estudantes intercalando seus estudos com pausas para saborear um
pouco da bebida tão apreciada pelos brasileiros.
O café pode ser um bom combustível para uma mente preguiçosa ou
sonolenta. Mais precisamente, o que faz com que as pessoas despertem e
fiquem mais ativas é um composto químico presente na bebida: a cafeína.
Esse estimulante age no sistema nervoso central e no metabolismo do
corpo, deixando quem o ingere mais alerta e disposto para executar
qualquer tarefa entediante.
Esse composto também pode ser encontrado em chás, bebidas
energéticas, guaraná, erva-mate e refrigerantes à base de noz-de-cola.
Mas não é bom abusar: por mais inofensiva que pareça ser, a cafeína é
uma espécie de droga e pode levar à dependência. Além disso, o consumo
em excesso da substância pode causar efeitos colaterais muito
desagradáveis, como irritabilidade, nervosismo, insônia, dores de cabeça
e até taquicardia. Portanto, use com moderação e evite ultrapassar o
limite diário de 250 mg de cafeína.
2. Enlouqueça a vizinhança com solos de guitarra
Estudar música pode deixar alguém mais inteligente. De acordo com uma pesquisa (PDF,
em inglês) realizada na Universidade de Toronto, crianças que recebiam
aulas de teclado ou canto possuíam um aumento pequeno, mas significante,
no QI, se comparado com alunos da mesma faixa etária que não passavam
pela educação musical.
E nunca é tarde para aprender. Existem instrumentos musicais de todos
os tamanhos e valores, prontos para servir a qualquer perfil de
estudante. Melhor ainda, há também uma alternativa para quem não quer
gastar dinheiro: aprender um pouco de teoria musical e a distinguir as
diferentes notas já ajuda a aumentar o seu QI.
Portanto, mãos à obra! O Baixaki está cheio de softwares gratuitos e destinados à educação musical. Com todas essas facilidades, não há desculpas para não tentar.
3. Um, dois, três: exercício físico já!
Existem algumas evidências de que a prática de exercícios físicos
constantes ajuda a melhorar as funções cerebrais. Dr. John Medina, do
site Brain Rules, alega pelo menos duas razões para isso:
- exercícios físicos aumentam o fluxo de oxigênio no cérebro e reduzem os radicais livres naquela região, deixando a pessoa mais esperta; e
- aumentam a resistência de neurônios a danos e ao stress.
Além disso, praticar uma atividade física também melhora a percepção
espacial, além de deixar a pessoa mais ágil e mais disposta para tarefas
de longa duração. Sem contar todos os benefícios cardiorrespiratórios e
ósseos que o esporte pode oferecer. Como se não bastasse, quem se
exercita regularmente também diminui os riscos de sofrer de doenças
crônico-degenerativas. Em outras palavras, exercitar o corpo é exercitar
a mente.
4. Parles-tu français? Do you speak English?
Diversos estudos indicam que crianças bilíngues, ou seja, que
cresceram aprendendo mais de um idioma, possuem vantagens cognitivas que
vão além do simples domínio de uma nova língua.
No livro “In Other Words”,
os psicólogos Ellen Bialystok e Kenji Hakuta alegam que as diferenças
estruturais entre as duas línguas dominadas pela criança fazem com que
ela pense de maneiras diferentes e mais complexas. Além disso, ao longo
do tempo, o aprendizado bilíngue proporciona ao estudante maiores
sensibilidade e percepção linguísticas.
Ainda há dúvidas sobre a possibilidade de um adulto aume
ntar suas
funções cognitivas ao aprender um novo idioma. Mesmo assim, são
inquestionáveis os benefícios que o domínio de uma segunda língua pode
trazer, a começar pela quantidade de material extra que a pessoa poderia
aproveitar na internet.
5. Contas de cabeça na velocidade da luz
Existem maneiras muito práticas e fáceis de calcular mentalmente. Com
um pouco de treino, você pode dar os primeiros passos para ser um
computador humano. Quer uma demonstração? Ao multiplicar um número de
dois algarismos por 11, basta somar esses dois algarismos e posicionar o
resultado entre eles. Por exemplo: 23 x 11 = 253 e 54 x 11 = 594.
Mas é claro que o método também possui suas exceções. Ao multiplicar
85 por 11, por exemplo, a soma dos algarismos 8 e 5 resulta em 13. Nesse
caso, não podemos simplesmente colocar o 13 ente os números: 8.135 não é
o valor correto. Para resolver a conta de maneira mais simples, basta
colocar no meio do número o algarismo das unidades e somar ao primeiro
termo a casa das dezenas: (8+1)35 = 935.
Divertido, não? Existem muito truques como esse para você aprender a
realizar contas mais rapidamente. Uma pesquisa no Google por “cálculo
mental” retornará muitos sites interessantes para você vasculhar.
6. Memorize facilmente com a mnemônica
Anda muito esquecido? Precisa decorar alguma informação para a prova
na escola? Não se preocupe: a mnemônica dá um jeito! Aparentemente, o
ser humano consegue memorizar melhor dados que estão associados a alguma
informação pessoal, espacial ou relativamente importante para você. É
por isso, por exemplo, que nos cursinhos para vestibulares os
professores bombardeiam os alunos com musiquinhas e macetes que
facilitam a memorização.
Quer alguns exemplos? A fórmula da circunferência, por exemplo, pode
ser lembrada como sendo a dos dois franceses chamados Pierre (C = 2 * pi
* r). Existe também a fórmula do Chevette, usada para calcular a
distância: X= v * T. E assim por diante. Há, inclusive, quem use as
próprias mãos para saber qual mês tem 31 dias e qual não tem:
Os nós dos dedos equivalem aos meses com 31 dias (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Na imagem acima, sempre que o mês corresponder com o nó dos dedos, ou
seja, a elevação, ele possui 31 dias. Caso contrário, não. Note, por
exemplo, que a técnica também cobre a sequência julho-agosto, ambos com o
mesmo número de dias.
Portanto, fica a dica: quando quiser se lembrar de algo com mais facilidade, recorra à mnemônica.
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